Democracia em vertigem foi indicado para o Oscar de melhor documentário. Esta notícia, por si só, gera uma comoção, tanto à direita quanto à esquerda, do debate político. Por um lado, temos uma academia de artes cinematográficas centenária, cuja atividade tenta impor o padrão de vida estadunidense como o único meio de vida aceitável, e exerce com maestria o soft power, nos convencendo, por meio do drama, que consumir, consumir e consumir mais é o caminho mais fácil para a felicidade, indicando um filme brasileiro, contendo uma denúncia séria de um golpe de estado que teve origem naquele país. Por outro, temos a esquerda brasileira festejando essa nomeação como uma vitória sobre o império de mentiras e mediocridades que tomou conta do Brasil depois da eleição dessa criatura infame à presidência da república.
Eu, particularmente, tenho um certo desprezo pela academia. Sempre tive. E quando Gwineth Paltrow ganhou o Oscar de melhor atriz por uma atuação pífia, num filmezinho comédia romântica de segunda categoria, concorrendo com Kate Blanchet e Fernanda Montenegro, aí meu respeito por qualquer premiação da academia foi por água abaixo mesmo. Tudo bem que Fernanda não ganhasse, embora fosse muito mais que merecido. Central do Brasil é um filme belo, mas, mais que isso, é uma aula de interpretação. Dora é uma personagem cheia de contradições que estão plenamente visíveis através da lente. Mas que ela perdesse para a Kate Blanchet, que também fez uma Elizabeth impecável, um filme denso e uma interpretação também magistral. A Gwineth, coitadinha, só é loira.
Mas de toda sorte, a academia de artes cinematográficas, por meio de uma intensa campanha de divulgação e propaganda, continua iludindo a galera, como se fosse a premiação mais importante do cinema. É, certamente, a festa mais cara, a mais glamorosa, a mais espalhafatosa, mas está muito distante de representar o que há de melhor em termos de cinema. Em geral, eu prefiro os premiados em festivais menos badalados, mas que realmente veem o filme como obra de arte e não como propaganda pra vender computador, perfume e blusinha. Sundance, Cannes e Berlim, por exemplo.
Mas enfim, vamos lá para o mundo do capital, provar que eles deram um golpe na gente por conta do petróleo encontrado no pré-sal.
Enquanto isso, o boçal eleito para nos presidir continua sua sanha contra a Cultura. Extinguiu o ministério e passou as atividades à subpasta da subsecretaria de subnada de um ministério desprestigiado, comandado por aquele cara que disse que a pesquisa de 7 anos de uma das mais prestigiadas instituições científicas do País não é confiável, porque quando ele anda à noite pelas ruas de Copacabana, percebe que a falta de transeuntes é um sinal inequívoco da epidemia do uso de drogas.
Nomeou para essa subpasta um sujeitinho falido, péssimo gerente, pior artista, oportunista e execrável. A atuação dele, pautada na ideologia daquele fumante ridículo, dublê de astrólogo e filósofo de si próprio tem sido devastadora.
A única coisa que me anima é que a arte é superior a essas pessoas infames. A exemplo de Hitler, que foi muito mais eficaz em seus meios de eliminação dos inimigos, mesmo queimando livros e obras de arte contrárias ao doentio raciocínio dele, a nossa arte, como a alemã, sobreviverá!