De que adianta?

Há pouco tempo houve uma certa celeuma a respeito da exigência de diploma de jornalista para atuar na profissão. É ou não necessário fazer uma graduação para ser um bom jornalista. O dilema é interessante porque os profissionais dos periódicos assemelham-se, de certa forma, aos artistas da literatura. Têm de escrever diariamente sobre assuntos que, na maioria das vezes, não dominam e ainda realizar crônicas sobre o cotidiano dos cidadãos que se vêem envolvidos em grandes – ou mesmo pequenas – tragédias urbanas.

Com relação aos assuntos específicos, seria muito mais útil que as diversas profissões instituíssem especializações a serem feitas depois da graduação, nas quais o ofício de redator pudesse ser aprimorado. Claro que há uma técnica na redação jornalística e que é possível aprendê-la. Por isso, uma rápida especialização, talvez de um semestre, habilitasse o médico, o advogado, o engenheiro etc a escreverem matérias jornalísticas sobre seus assuntos de concentração. Os economistas eu excluo dessa lista porque, por vocação, sentem-se aptos a palpitar sobre todos os assuntos – vide a infame pitonisa da desgraça Miriam Leitão – e quase sempre erram nas previsões e apresentam cenários muito mais catastróficos do que a realidade.

Já no que diz respeito ao cotidiano, acho que bastaria ao redator ser um bom conhecedor do idioma. Claro que o que se vê hoje é o contrário. Leiam a reportagem abaixo, sobre uma cena de violência urbana:

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1382061-5605,00-REFEM+E+VITIMA+DE+ASSALTO+EM+SP+RELATAM+MOMENTOS+DE+TENSAO.html

A criatura utiliza o termo suspeito(s) pelo menos uma vez em cada parágrafo. Além da incorreção semântica, uma vez que o sujeito que pratica o crime deixa de ser suspeito para ser o criminoso, ainda rola uma certa repetição desnecessária. Num dos parágrafos, o termo é utilizado 4 vezes!

Será que o diploma ajuda?

 

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