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Há algum tempo estou fazendo pilates numa academia da N. S. Copacabana. São duas instrutoras, a que me acompanha é uma pequena com alguma ascendência oriental distante e a outra é uma carioca legítima. Ambas são articuladas, suponho que graduadas em fisioterapia, enfim, duas mulheres plenas.

Nessas três semanas, embora não haja muita conversa, deu pra perceber que a outra fisioterapeuta (chamemo-la Camila), estava prestes a se casar. Toda animada, falava sobre vestido, maquilagem, docinhos, bem casados, arranjos florais, enfim, toda a parafernália que hoje envolve uma cerimônia de união de duas pessoas. O noivo dela é lutador de Jiu Jitsu na mesma academia. Um rapagão bonitaço. Os dois fazem um belo par.

À parte a minha aversão a essa cerimônia, por toda a hipocrisia que envolve, relevo porque está nos sonhos de muita gente constituir família e a tradição meio que impõe essa papagaiada toda. Vou fazer aqui uma digressãozinha do tema, para justificar minha antipatia da cerimônia de casamento, especialmente a religiosa: os noivos se apresentam diante de um sacerdote do deus em que acreditam, ou seja, em frente a deus propriamente dito, e estão cercados por membros da comunidade. Parentes, amigos, amigos de amigos, vão todos lá para ouvir o “sim”. Esse sim é dado para uma promessa praticamente impossível de ser cumprida: ser fiel, amar, respeitar o cônjuge todos os dias da vida de ambos, a partir daquele momento, até que a morte os separe. Gente, fala pra mim: quantos casais vocês conhecem que passaram 10 anos sem quebrar nenhuma daquelas promessas? Sei de casos em que o noivo está lá, dizendo que será fiel à noiva, mas flertando com uma das amigas dela que se prestou ao papel de madrinha ou dama de honra. Ou seja, nenhum dos dois está muito disposto a cumprir essa promessa feita diante de Deus. Não é de qualquer um, não, é do cara que, na crença deles, detém a onipotência, a onipresença e a onisciência. Isso não é pouco, gente. O cara sabe de tudo, está em todos os lugares e pode absolutamente tudo! Pense nisso quando for prometer alguma coisa perante ele.

Pois bem. Semana passada a Camila se casou no civil. Chegou à sala de pilates na terça toda animada, dizendo que tinha sido uma cerimônia muito bacana, que a juíza de paz era o maior barato, que fez piada e tal. E eu lá, só ouvindo. Daí ela soltou a seguinte pérola:

Eu quase caí do aparelho. Não disse nada, mas na hora eu fiquei tão indignado com isso. Como é que pode, em pleno 2016, uma juíza de paz assim tão machista??

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