Na terça-feira fui assistir à montagem de Julius Caesar – Vidas Paralelas, montagem de celebração dos 35 anos da Cia. dos Atores, dirigida por Gustavo Gasparani.
Julius Caesar
O espetáculo parte da tragédia de William Shakespeare, Julius Caesar, para refletir sobre os tipos de relação de poder existentes na sociedade. Faltou um pouco de compreensão da microfísica do poder, conforme descrita por Michel Foucault, porém, dá conta do recado.
O tratamento dado à trama não é original, pois este recurso de misturar a vida de atores à vida de montagens já foi usado algumas vezes. Rememoro “Tio Vania em Nova York”, por exemplo. Gasparani utiliza essa linguagem para falar de 3 atores e uma diretora em busca da realização de um projeto shakespeareano depois da pandemia.
Nesse cenário, vemos o grupo de atores disputando os papeis. São velhos amigos que se reúnem para fazer arte, dentre eles, um casal. A diretora do projeto não faz parte da trupe, mas é muito amiga de um deles, que sobreviveu a uma doença devastadora. Ela está assoberbada, uma vez que está no elenco de uma novela de sucesso, com um personagem que cresce diariamente. Nada obstante, a atriz tem pouca voz e isso compromete.
Esse crescimento diminui o tempo disponível dela para estar presente nos ensaios, e a trupe resolve essa questão por meio das reuniões por videoconferência. Todavia, esse recurso contemporâneo é um agravador da crise dos artistas, sempre disputando os melhores papeis.
A trama shakespeareana é tratada de forma superficial, pois o melodrama dos atores envolvidos na montagem toma uma dimensão muito maior. Para mim, faltou um pouco mais do bardo e sobrou treta.
De toda sorte, envolver a plateia durante 2 horas não é para qualquer grupo.
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