Débora Falabella é Tessa, advogada bem sucedida, no espetáculo Prima Facie, em turnê pelo Brasil, iniciando em Brasília.

Ontem eu assisti ao espetáculo de Débora Falabella, sucesso de crítica e público no Rio de Janeiro, cuja turnê nacional começou pela capital do País. Em cena, a atriz dá vida a Tessa, advogada de um bom escritório e com uma sucessão de vitórias em casos de violência contra a mulher. Ela defende acusados de estupro e consegue instalar a famosa dúvida razoável, capaz de evitar a condenação dos réus nos sistemas jurídicos baseados na presunção de inocência e no devido processo legal.

Ao longo de quase duas horas, seguimos a história de Tessa, com memórias da infância pobre e do início do curso de direito numa faculdade cara. Embora não seja claro no texto, dá para perceber que a cena se dá numa cidade estadunidense. Isso porque o rito de interrogatório apresentado no início é típico dos tribunais de júri daquelas terras.

Discussão imprescindível sobre a violência contra a mulher

A história de Tessa é a mesma compartilhada por muitas mulheres. Sabemos de muitas histórias semelhantes, porque é o comum da sociedade. Os noticiários diariamente nos informa de feminicídios. No entanto, é uma situação que pode ser alterada com a conscientização de todos. Uma primeira abordagem possível é mostrar que os seres não podem ser posse de ninguém.

O texto de Suzie Miler, dirigido por Yara de Novaes suscita esse embate, principalmente no que diz respeito à violência sexual. A estatística brasileira é assombrosa, porque segundo o site Agência Brasil, a cada oito minutos uma mulher é estuprada. Não podemos compactuar com esse tipo de agressão. É dever de todos esclarecer os amigos e pessoas mais próximas da liberdade sexual feminina.

Mesmo sendo muito preparada, Tessa agiu de forma imatura

O grande ponto de virada não é muito surpreendente, mas isso não compromete a qualidade do texto. Esperamos que Tessa, a protagonista, já conhecedora dos meandros legais, seja capaz de provar, acima de qualquer sombra de dúvida a agressão. Porque não é o que ocorre, ficamos compungidos e tocados com o desfecho. O talento e o grande trabalho de atriz são os grandes responsáveis por esse sentimento que percorre a plateia. O cenário funcional, a iluminação exata e o figurino impecável também contribuem para o sucesso.

Nada obstante, acompanhamos essa mulher forte, realizada, ser submetida à violência sexual e confrontar dúvidas e dores. Para um grande fã da série Lei e Ordem, Unidade de Vítimas Especiais como eu, é doloroso perceber o sistema legal funcionando para contribuir com a impunidade dos agressores. Isso também ocorre no Brasil. Por isso essa discussão é tão importante na contemporaneidade.

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