TEATRO

Um Jardim para Tcheckov

Ontem fui ao CCBB para assistir ao delicioso e sensível Um Jardim para Tcheckov, uma peça de Pedro Brício, estrelada por Maria Padilha.

Eu sou um estudioso do teatro. Raramente tenho experiências tão gratificantes quanto a de ontem, quando vi no palco a montagem de Um Jardim para Tcheckov. Eu já montei O Jardim das Cerejeiras, como final de oficina da professora Susanna Kruger, na Casa de Cultura Laura Alvim. Foi uma experiência gratificante e controversa.

Eu fiz o tio Gaiev, irmão mais novo da personagem principal, Liobova Andreievna, um perdulário embriagado e com um quê de homossexualidade. Durante todo o processo de ensaio, eu não compreendi bem como aquele texto sobre a decadência de uma família aristocrática poderia ser uma comédia. A chave só virou na última semana. É hilariante.

Transitando entre a comédia, o lirismo e o drama, o texto inédito de “Um Jardim para Tchekhov” narra a história de uma consagrada atriz de teatro, Alma Duran, vivida por Maria Padilha, que vai morar com sua filha, a médica Isadora (Olivia Torres), e seu genro Otto, um delegado de polícia (Erom Cordeiro), em um condomínio em Botafogo, no Rio de Janeiro. Desempregada há três anos, ela começa a dar aulas de teatro para a estudante Lalá (Iohanna Carvalho), enquanto sonha em montar “O Jardim das Cerejeiras”. Ao enfrentar dificuldades para realizar o espetáculo, ela conhece um desconhecido no playground do prédio, que afirma ser Anton Tchekhov (Leonardo Medeiros), que passa a ajudá-la.

As atuações não são excepcionais, mas têm o tom que a peça pede: uma leveza no contar a história de Alma Duran, vivendo com a filha Isadora e o genro Otto. Os conflitos estão bem delineados e a personalidade de Alma, controversa e às vezes um pouco doidivanas, também é muito esclarecida.

Pelo meio, Alma, cuja batalha para montar O Jardim das Cerejeiras parece perdida, encontra o autor. Nesse momento, não sabemos o grau do delírio, se é conseqüência de um tumor, ou é apenas um delírio mesmo.

Ao mesmo tempo, ela dá aulas para Lalá, uma menina incrível, interpretada pela ótima Iohanna Carvalho.

Meu destaque de interpretação vai para Eron Cordeiro, no monólogo final de Lapakhin. O texto é denso e pede um certo exagero, dado por Eron na medida correta. Me deu vontade de montar novamente o Jardim das Cerejeiras e convidar Eron para fazer o Lapakhin.

Ficha técnica

Dramaturgia: Pedro Brício
Direção Artística: Georgette Fadel

Elenco / Personagem:
Maria Padilha – Alma Duran
Leonardo Medeiros – Anton Tchekhov
Erom Cordeiro – Otto
Olivia Torres – Isadora
Iohanna Carvalho – Lalá

Interlocução de dramaturgia: André Emídio e Maurício Paroni de Castro
Iluminação: Maneco Quinderé
Cenário: Pedro Levorin e Georgette Fadel
Figurino: Carol Lobato
Trilha sonora: Lucas Vasconcellos
Preparação corporal: Marcia Rubin
Designer gráfico: Luiz Henrique Sá
Fotos de divulgação: Filipe Costa, Guto Muniz e Renato Mangolin
Assistência de Direção: Bel Flaksman
Operação de luz: João Gaspary
Operação de som: Rafael Emerich
Contrarregra: Wallace Lima
Coordenação administrativo-financeira: Letícia Napole e Alex Nunes
Assistência de produção: Luciano Pontes
Produção executiva: Ártemis
Direção de produção: Silvio Batistela
Produção: Cena Dois Produções Artísticas
Produção local: BaLuMa – Soluções em Projetos
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Patrocínio: Banco do Brasil e Governo Federal

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