Este fim de semana que passou foi ótimo.
Começou com uma excelente surpresa: Calígula. O texto primoroso do Camus foi soberbamente dirigido pelo Gabriel Vilela. Foi totalmente surpreendente ver um rapaz, cuja atuação em telenovelas não passa de medíocre, brilhar na pele do enlouquecido imperador romano. Os cenários enxutos, funcionais e práticos, os figurinos totalmente adequados, além de surpreendentes, temperaram a ação, sem empanar o brilho magistral do texto, complicado, mas nem por isso menos excitante.
O mais impressionante foi a platéia. acho 75% não compreendeu o texto. Alguns esperavam uma comédia leve, tanto que, nas horas mais inapropriadas ouvia-se um leve risinho.
A mais sem noção de todos foi uma perua que se sentou na poltrona H6. O telefone até que estava no vibrador, mas não é que a louca atendeu? Como pode uma coisa dessas?
No sábado, eu até queria ir à praia, mas não rolou. À noite, fomos ao teatro novamente, ver “Escola de Mollieres”, com direção do Hamir Haddad. Adoro os espetáculos dele. São sempre com cenários bem despojados, mas com uma vibração dionisíaca. Muitos atores em cena o tempo todo, interagindo. E a gente nota a paixão do diretor pelo trabalho, porque ele está sempre lá, vibrando com o que acontece no palco. Sem comentar que o espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, é uma delícia.
Ontem fez um solzinho mixuruca, mas o suficiente pra me deixar vermelho e me ardendo todo…
Na Atlântica, finalmente, percebi a movimentação política do carioca. A avenida estava cheia de candidatos, fazendo campanha. É a verdadeira festa da democracia. Era possível ver o Chico Alencar, do PSOL, um dos mais radicais da esquerda, a poucas quadras do quadrúpede Jair Bolsonaro, que além de tudo o que já disse e fez, estampou uma fotografia do Médici numa camiseta com os dizeres: “eu era feliz e não sabia”. Claro que ele devia ser feliz. Estava do lado dos torturadores. Queria saber se ele também estaria tão contente se tivesse tido de suportar um pau de arara.