João, no capítulo 8, versículo 32, escreve o que, para mim, além de ser o verso mais importante de toda a Bíblia, um dístico pelo qual tento levar a minha vida:
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
O verso está tirado de contexto e a verdade aí, contextualizada no capítulo 8 do evangelho segundo João, é Jesus. Os judeus questionavam o messias com relação à liberdade e o grande mestre ensinava que a crença em suas palavras, que eram as palavras de Deus, os libertaria de todos os jugos.
Eu retiro de contexto propositadamente. Sou crente na tradição africana, politeísta e angolana, uma forma de pensar que estou desvendando lentamente e entra em choque constante com o modo eurocentrado de pensar a vida e o mundo, mas tenho convicção de que a verdade nos liberta, porque viver na mentira dá muito trabalho e acaba por criar uma corrente aprisionadora em nossa própria mente.
Hoje eu assisti ao espetáculo Galileu e Eu – A arte da dúvida, com a maravilhosa Denise Fraga. O link está aí embaixo para quem quiser ver. Eu já tinha assistido à peça e a discussão levantada por Brecht no texto sobre Galileu Galilei é atualíssima. É o embate entre o Poder e a liberdade de estudar. A igreja católica era, então, a guardiã do saber. Ignoraram os avanços matemáticos dos muçulmanos, ou melhor, disseram que nada podia vir de bom do inimigo, e apenas mantinham a população na mais grassa ignorância para se locupletarem obscenamente.
Não sei se a igreja tinha noção da verdade sobre a forma, a matéria e a substância do Universo. Nem imagino se já possuíam a consciência de que a terra era um corpo esférico que, em razão da força da gravidade, mantinha uma órbita ao redor do Sol e prendia a Lua numa orbita em redor de si mesma e, além de tudo isso, girava velozmente em torno ao seu próprio eixo e, apenas para manter a opressão, afirmavam o contrário. O fato é que, mesmo que não soubessem, ao serem apresentadas as provas científicas irrecusáveis de que estavam errados, seja por orgulho ou por pura ambição, se negaram a reconhecer (durante muitos séculos) e continuaram fingindo e mentindo.
Sempre foi assim. Para vencermos o poder estabelecido, é preciso muita força. Atualmente voltamos a ter de brigar pela ciência, pelo conhecimento, pelo estudo. Uma sombra de ignorância obscurece o julgamento de tantos e, o que é pior nos dias de hoje, financiada grandemente por corporações interessadas na manipulação do resultado de eleições.
É o fim do sistema democrático representativo? Qual é a solução para isso? Eu não tenho a resposta, mas creio firmemente que as alternativas passarão pelo conhecimento da verdade. O que está por trás dos interesses que ora gerem os governos e por que é tão difícil combatê-los?
Uma resposta
Muito bom!!