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2 de fevereiro, dia de Yemanjá

Hoje, no Brasil, dia de nossa senhora dos navegantes, muitas casas de religião de matriz africana celebram também o dia de Yemanjá.

Yemanjá Orixá

Em Salvador, capital da Bahia e cidade com maior número de habitantes negros fora do continente africano, hoje o dia é de muita festa. O bairro do Rio Vermelho está especialmente animado, com milhares de devotos de Umbanda e Candomblé, todos presenteando a rainha do mar. A ela, dona de todas as cabeças, devemos a nossa saúde mental, pois é a mãe acolhedora que nos conforta.

As cores azul e branco, o prateado, a vibração dos tambores na praia do Rio Vermelho saúdam a mamãe sereia, a Janaína. Yemanjá, Mikayá, Kayala são denominações em Yorubá e Bantu dessa divindade, trazida pela diáspora africana. Forçados pela crueldade inigualável e pela ganância exacerbada dos brancos europeus, homens e mulheres capturados de forma vil em África foram trazidos para as Américas. Além de arrancados de suas terras, os comerciantes os reagrupavam de forma aleatória, juntando integrantes de tribos rivais num mesmo grupo.

Yemanjá, o sincretismo e a sobrevivência das tradições

Por conta disso, as tradições místicas e religiosas de todos os povos trazidos ao Brasil se misturaram e deram origem às religiões de matriz africana que hoje conhecemos. Umbandas, batuques, Xangôs, candomblés bantu, ketu e jeje são hoje frutos dessa miscelânea e, por isso, não há como se falar numa tradição pura.

Se, por um lado, essa foi a forma pela qual essas tradições sobreviveram, por outro, hoje os próprios integrantes querem se arrogar uma pureza, ainda que inexistente. Durante 3 séculos, os praticantes foram se adaptando e agregou-se muita coisa. Não obstante, há uma tentativa de manutenção da essência. Pois é isso que importa. Assim, Yemanjá virou nossa senhora, Xangô é São Jerônimo, Oxóssi é São Jorge, etc.

Para mim, pessoalmente, o respeito à data, como símbolo de como nossos ancestrais conseguiram sobreviver, pois tinham de fingir se submeter ao branco cruel e opressor, e a esse cristianismo que nega a natureza humana. Mas, como já escreveu Estela de Oxóssi: Yansã não é Santa Bárbara!

Para ver um pouco dessas tradições na raiz, há o filme Barravento, de Glauber Rocha.

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