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ARTE

ABBA finalmente em Brasília

Ouvi dizer por aí que o Abba está ressuscitando. Isso é uma boa notícia para a galera da discoteca (pop). Boite era coisa de velho e tinha cara de inferninho.

Abba em Brasília

Discoteca foi um lance veio na onda da novela de maior sucesso daqueles tempos: Dancing Days, do saudoso Gilberto Braga. Eu morava no interior de Goiás naquele tempo, numa cidadezinha de cinco mil habitantes, cuja viagem da capital demorava, decerto, 3 horas.

No interior, década de 1970, o mundo nos chegava pela TV

Nossa janela para o mundo era primordialmente a televisão. Víamos TV Globo, Tupi e Bandeirantes (se bem me lembro), no entanto, a campeã de audiência sempre foi a do plinplim. Tudo era muito mais difícil, menos a alegria de viver. Tomar banho de rio, andar de bicicleta pela rua, conhecer quase todo mundo da cidade, uma sensação de segurança, bandos de crianças andando e brincando o tempo todo, comer fruta madura no pé, afinal, são lembranças que talvez o tempo tenha se encarregado de alterar e romantizar, guardando só o que houve de bom e jogando as pequenas depressões no oblívio.

Pela janela da rede Globo, ouvíamos as músicas internacionais das novelas, que depois levávamos para os bailinhos “mela-cueca”, aliás, festinhas nas garagens e salas dos coleguinhas e dos amigos. Tinha o momento dançar de rosto colado com as meninas, que era o auge, mas tinha também os momentos de dançar separado. Money, Money, Money e Dancing Queen eram presença garantida na lista de músicas.

O tempo passou, talvez rápido demais. Da inocência dessa adolescência interiorana para a fase adulta e de trabalho e descobertas em Brasília, foi inegavelmente um piscar de olhos. Aí, aos 33, com a economia brasileira bombando por conta do sucesso do Plano Real, consegui ir pela segunda vez à Europa. Fui visitar um amigo que estava morando em Bruxelas, ocasião em que ele e o marido me levaram para muitas viagenzinhas próximas à cidade, que é um encanto. Uma delas foi para Amsterdã.

A Holanda e a liberdade de ser gay

No dia 1º de agosto de 1998, estávamos lá eu, Marcelo, Igor, Hans e Joris. Eu segurando vela para dois casais, mas tudo bem. Hans e Joris moravam  no Canal do Príncipe, onde rolou a parada do orgulho gay holandesa daquele ano. Foi divertidíssimo. Fomos juntos ainda para o estádio de Amsterdã para a cerimônia de abertura do gay games.

Nossa, meus sentimentos de viado terceiro-mundista foram arrombados naqueles dias! Acima de tudo porque havia espalhados pela cidade cartazes da polícia inclusiva, dizendo que era ok manifestações de amor entre pessoas do mesmo sexo. Além disso, teve até um anúncio de jornal, chamando para o alistamento militar, que dizia assim: “there are places more exciting than a dark room. The cockpit of a F16, for exemple. Join Dutch Air Force”. Em tradução livre: há lugares mais excitantes que uma sala escura. A cabine de um F16, por exemplo. Aliste-se à força aérea.

O trajeto para o estádio foi uma lôucura. Afinal, os holandeses já são altos, imagine, então, uma drag queen holandesa, em cima de uma plataforma de 25 cm e usando uma peça de cabeça cheia de penas. Acho que a pessoa chegava aos 3m de altura. E todo mundo espremido nos vagões do metrô. Muita piada, muita gozação. Enfim, bom demais!

O ponto máximo da cerimônia foi o prefeito descer numa plataforma pendurada por polias, no meio da quadra, acompanhado do grupo Abba, que deu um show excelente. O Casamento de Muriel e Priscila, Rainha do Deserto ainda tinham sido lançados poucos anos antes e o conjunto fez parte da trilha sonora de ambos. O público veio abaixo!

Essa é a minha história com o grupo Abba.

Esta matéria foi publicada em novembro de 2011. Enfim, agora, em 2023, eles virão a Brasília, para um show que se realizará no dia 30/4, no centro de convenções Ulysses Guimarães. Espero que retirem os assentos da plateia, porque é um show mega dançante!

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