Psicose é um filme envolvente e influenciou várias gerações de cineastas por causa de sua abrangência. Praticamente não há um filme de terror ou suspense, feito depois de 1960, que não tenha sido influenciado por esse filme de Alfred Hitchcock. Percebemos a clara influência que Psicose teve em diretores de filmes terror como George A. Romero (Madrugada dos Mortos), Tobe Hooper (Poltergeist – o Fenômeno), John Carpenter (Fuga de Nova Iork), Wes Craven (A Hora do Pesadelo) e Sean S. Cunningham (Sexta-Feira 13), todos cineastas dos anos 70, para citar apenas alguns. Além de Diretores que beberam muito da fonte de Hitchcock, como David Lynch, que teve uma referência inesgotável de idéias e temas, de filmes como Psicose.
A influência de Hitchcock não se limita aos gêneros suspense e terror. Diretores como Steven Spielberg ou Martin Scorsese foram profundamente influenciados pelos filmes de Hitchcock. Conforme foi dito por Scorsese algum tempo atrás: “Um Corpo Que Cai é … importante para mim -” essencial “seria mais provável – porque tem um herói impulsionado puramente pela obsessão. Sempre fui atraído, em meu próprio trabalho, por heróis motivados pela obsessão e, nesse nível, o filme me atinge profundamente cada vez que o vejo”

Psicose e, mais precisamente, a cena do chuveiro é provavelmente a principal influência para esses cineastas. Seus elementos são assustadores, porque estão muito próximos da realidade: o assassino é o produto psicótico de uma família doente, a vítima é uma mulher linda e sedutora, a casa está localizada em um lugar terrível, a arma é uma faca de cozinha e o ataque é registrado do ponto de vista da vítima e acontece com uma rapidez chocante e sanguinária.
A trilha sonora dessa cena remete, imediatamente, aos golpes de faca e à cara de horror da vítima, excelentemente vivida por Janet Leigh. É marcante e emblemática e, creio, jamais igualada.
Além disso, mesmo que não tenha sido inédito, o tema do transtorno mental do personagem vivido por Anthony Perkins foi brilhantemente explorado. Ficamos o tempo todo com a sensação de que há, de fato, duas personagens agindo. Corre um boato que Perkins demorou um bocado a sair da pele de Norman Bates, de tão forte era a integração ator/personagem. De fato, a interpretação é simplesmente brilhante.
Toda essa história é tão interessante que, mais recentemente, a A&E estadunidense produziu a série Bates Motel, estrelada pela gigante Vera Farmiga (que também pode ser vista na franquia Invocação do Mal). Vera é daquelas atrizes impressionantes. Sem ser careteira, sem ser canastrona, transmite com o olhar e com a máscara sutil todas as emoções da personagem que interpreta. Além dela, Freddie Highmore, que interpreta o jovem Norman, dá arrepios do tanto que deu alma e vida à adolescência do futuro psicopata.
O spin off é vivido na atualidade, (foi ao ar de 2013 a 2017 e ainda pode ser visto no Claro Now), mistura tecnologias de ponta dos telefones celulares avançados, com uma ambientação bem década de 60.

O contraste é capaz de perturbar a compreensão, porque ao mesmo tempo em que a televisão da casa de Norma e Norman é de tubo, eles ouvem discos de vinil em vitrolas totalmente retrô, estão conectados pela internet, pelos smartphones, e tratam da pequena cidade de White Pine Bay, dominada por estranha movimentação financeira, impulsionada pela plantação e tráfico de cannabis sativa e pela extorsão, tráfico de pessoas, prostituição. Uma sopa perfeita para a nutrição de um bom psicopata.

Já o psicopata de Hitchcock, garantiu um lucro assustador e foi o filme de maior sucesso do cineasta, financeiramente falando. Ele arrecadou US$32 milhões nas bilheterias norte-americanas, durante o seu primeiro lançamento nos cinemas, sendo que o orçamento total para a sua produção foi de aproximadamente US$807.000.
Um detalhe interessante que quase ninguém sabe sobre Psicose, é que ele foi o primeiro filme americano a mostrar um banheiro na tela. Dificilmente algum cineasta da década de 60 criaria uma cena de assassinato dentro de um chuveiro, com o sangue escorrendo pelo ralo. Psicose garantiu a quinta e última indicação de Hitchcock ao Oscar de Melhor Diretor, mas a Academia nunca escolheu o cineasta. Sim, por incrível que pareça, Alfred Hitchcock nunca ganhou um Oscar de melhor direção, mas essa cena de 45″ ficou marcada para sempre na história do cinema.

Alfred Hitchcock foi um ícone cultural e gênio da direção, o cineasta conseguiu criar obras-primas distorcidas, que mergulham em personagens esquisitos que confrontam diretamente os medos psicológicos do público até hoje. Algo que muito vencedor do Oscar de Melhor Direção, nunca conseguiu.
Escrito em colaboração com www.mobdica.com