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DIVERSOS

O Império dos Sentidos e a Falta de Sentido

Assistimos estarrecidos, nestas 3 semanas que sucederam ao 2º turno das eleições no Brasil, a uma horda de gente histérica pedindo o retorno da ditadura.

Fachada de Cinema

Eu até comecei a ler “A Psicologia das Massas e a Análise do Eu”, do Freud, recomendado por tuiteiros, para tentar compreender o que se tornou esta nação de gente, na minha opinião, enganada.

As imagens amplamente divulgadas pelas redes sociais são de agrupamentos de pessoas, na quase totalidade brancas, gritando, chorando, pedindo para Deus e para o exército salvar o Brasil do comunismo. Ajoelhadas, gritando, condenando nordestinos, alheados da realidade.

Da mesma forma, fiquei pensando na faixa etária dessas pessoas. São minhas contemporâneas, ou seja, são pessoas que se deleitaram com um dos filmes japoneses mais vistos no Brasil, na década de 80: O Império dos Sentidos.

A sinopse do filme, encontrada no site Adoro Cinema é a seguinte: “Japão, 1936. Sada (Eiko Matsuda), uma ex-prostituta, inicia um tórrido caso com Kichizo (Tatsuya Fuji), seu atual patrão. O que parecia uma diversão inconsequente logo transforma-se em uma intensa relação regida pela obsessão do prazer. Para os amantes não existem fronteiras na busca do mais completo êxtase. É o amor louco.”

Ainda me lembro do escândalo que causou a película nipônica. No País de origem foi gravado em 1976, mas aqui, não passou antes de 1982, com o fim da censura a obras de arte. Não obstante, escandaloso e deslavadamente erótico, mas todo mundo viu na época, inclusive essa galera que agora está no marcha soldado cabeça de papel.

Também é mais ou menos dessa época o filme Calígula, produção ítalo-estadunidense, estrelada por grandes nomes de roliúdi, tais como Malcolm MacDowell, Hellen Mirren, John Guielgud e Peter O’Toole. Foi a primeira e única vez que se envolveram em cenas de sexo explícito.

Fila para o filme Império dos Sentidos na década e 80

Cena do Filme Calígula

Calígula narra a doentia mente do imperador romano Gaius Caesar Germanicus. Esse filme nos estarreceu (foi o primeiro filme que vi quando fiz 18 anos) a todos com cenas brutais. Ainda me lembro de uma ejaculação filmada em close up. Um pênis com quase 2 m de altura, cruzando a tela de cima abaixo.

Eu ainda tinha dúvidas com relação à minha sexualidade, estava numa fase e vivia num mundo bastante avesso aos LGBTQUIA+ e não compreendia o que se passava comigo.

Agora vejo essas pessoas, que viveram essa época profundamente libertadora dos costumes, saudosas de um tempo de repressão. Além disso, elas buscam uma religiosidade fanática, tentando conservar uma ideologia opressora.

O que passa pela mente de pessoas que viveram a época de Império dos Sentidos e Calígula sem nenhum falso pudor e hoje namoram com a volta da ditadura?

O mundo evoluiu, mas essas mentes continuam acorrentadas a um pensamento sadomasoquista, um tipo de amor que Império dos Sentidos e Calígula não ousaram apresentar.

ARTIGO

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