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RELIGIÃO

Passei 15 dias dedicado às minhas funções sacerdotais. Meu filho de Oxalufã resolveu tomar a obrigação de 7 anos, uma das mais importantes, depois da iniciação.

Cortejo de Oxalufã

Vou usar os termos Nagô-Yorubá porque são mais comuns, mas a tradição que sigo é de Angola. Os caminhos do sacerdócio são intrinsecamente difíceis, duros de trilhar, principalmente em religiões de matriz africana, porque iniciáticas e peculiares, no sentido de não terem um livro, mas serem de sabedoria oral e dinâmica, adaptável aos tempos e às ordens dos Orixás.

A cerimônia pela qual meu filho passou é como se fosse uma graduação do sacerdote. No princípio somos abiãs. Depois da iniciação, passamos para o estágio de Muzenza (equivalente ao yawô de Ketu), período destinado às aprendizagens dos mistérios, das trilhas, das folhas, das comidas, das oferendas, das rezas, dos encantamentos, de como ajudar aos clientes. O mínimo desse período é de 7 anos, e depois desse tempo, o Muzenza está liberado para arriar a obrigação de 7 anos (Kituminu Sanbuadi’Minvu, em kassange).

Essa obrigação é a mais importante, depois da iniciação, porque, querendo o Orixá, aquele filho se gradua sacerdote. Pode receber um Deká, pode, a partir de então, iniciar novos filhos, participar de todos os mistérios e não cairá em transe o tempo todo.

É muito trabalhoso, porém tremendamente gratificante, quando ao final de tudo podemos realizar a Kizomba. Poder ver os Orixás em festa, paramentados e felizes com mais uma obrigação cumprida.

Agradeço a Nzambiapungo por ter colocado esta missão no meu caminho.

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