Sábado foi dia de assistir a Mussum, O Filmis, filme biografia de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o trapalhão Mussum. Emocionante, engraçado e bem roteirizado.
Quem tem mais de 50 anos vai se emocionar muito com a história de vida do menino que queria ser jogador de futebol, mas o mundo do samba o atraiu, para desgosto de sua mãe. O início do filme já dá mostras do quanto vamos nos emocionar ao longo da trajetória desse humorista.
Até final do século XX, eram raros os atores negros que fizessem tanto sucesso quanto Mussum e Grande Otelo. Inclusive, Otelo apelidou Carlinhos com o epíteto que se colou a ele por toda a vida. Somente d. Malvina, a mãe, o chamava pelo nome.
Mussum tem roteiro bem amarrado
Ressalto que o roteiro é extremamente bem escrito, pois retrata Mussum em várias etapas da vida, desde a infância até a fase adulta, os conflitos entre o músico e o comediante, o sucesso como integrante do conjunto Os Originais do Samba. No entanto, não tem pieguices nem melodramas. É afinado com a questão antirracista e aborda a questão de modo delicado, sem deixar de ser contundente.
Os amores, as farras, o progresso econômico e as dificuldades do quarteto de palhaçaria mais famoso da televisão está muito bem apresentado. A forma com que roteiro e direção se abraçaram para evitar o racismo, a LGBTfobia, o machismo tão presentes durante as décadas de 80 e 90 na televisão brasileira, deram ao filme sensibilidade na medida exata.
Embora retrate a vida de um dos maiores comediantes negros do Brasil, o filme está bem equilibrado no que diz respeito ao riso e ao choro. O elenco é equilibradíssimo, com destaque especial para Ailton Graça, no papel título. Ele está vestindo a pele do Mussum de forma magistral. Cacau Protásio e Neusa Borges representam d. Malvina na primeira e na segunda fase da história estão afinadíssimas, especialmente nos olhares. Enfim, um filme para ser visto por toda a família, e saboreado por quem, como eu, viveu a infância assistindo aos Trapalhões na TV.