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CINEMA

Saltburn e o lirismo da perversão

Saltburn é uma vasta propriedade aristocrática inglesa, cujos padrões morais e a hipocrisia são descortinados pelos olhos de uma personagem pervertida.

Saltburn e a idílica paisagem de verão

A propriedade pertence à família Catton, podres de ricos, formada por pai, mãe e um casal de filhos. Felix, o filho mais velho, estuda em Oxford e se encontra com Oliver Quick, um bolsista da classe operária. Este se apresenta, no primeiro momento, como um desajustado social.

As primeiras cenas do filme lembram uma comédia de CDF’s estadunidenses, já que Oliver faz amizade com um rapaz de sua classe que, certamente tem distúrbios comportamentais e sociais, mas a impressão passa em menos de 5 minutos.

A partir daí, Oliver vai quebrar um galho para Felix, pois lhe empresta a bicicleta, já que a do ricaço está com o pneu furado. Tornam-se grandes amigos, porque Felix, apesar de ricaço, é uma pessoa generosa, amorosa, destoante da origem aristocrática.

Tocado pela história de Oliver e pela relutância deste em ir para a sua casa, nas férias de verão, Felix o convida para passar essa temporada em Saltburn. Aqui é interessante ressaltar: o título do filme é intrigante, pois é apenas o nome do castelo dos Catton.

Um duelo de atuações nos impede de deixar o filme pela metade

Porque se passa o tempo quase todo focado no modo de vida aristocrático e decadente dos Catton, tive a sincera impressão de que se trataria tão somente daqueles filmes de “white people problems”, ou, em livre tradução, questõezinhas da branquitude. Apesar disso, as atuações magistrais de Barry Keoghan, Jacob Elordi, nos papeis principais e da brilhante Rosamund Pike, me impediram de deixar a história pela metade.

Rosamund é um capítulo à parte, pois a brilhante atriz tem aquele olhar blasè tão representativo do desprezo que a aristocracia devota ao restante do Planeta. Eu já havia adorado a atuação dela em “Garota Exemplar, no qual ela sapateia em Ben Afleck.

Fotografia incrível

A fotografia e a câmera do filme também são sensacionais. A montagem, que de início me aborreceu um pouco, se mostra eficaz para levar ao desfecho da história.

As cenas ao ar livre nos jardins de Saltburn são ideais para nos deixar com aquela pontinha de inveja de classe e questionar o que fizeram para merecer viver naquele fausto, naquele esbanjamento, sem baterem um prego numa barra de sabão.

O roteiro brilhante surpreende no final

Tudo isso seria totalmente inútil no filme, se ele terminasse de forma diferente do que terminou. O roteiro é amarrado de uma forma magistral, porque nos leva constantemente para uma posição de comiseração, para no final, revelar a verdadeira face dos personagens.

Apesar de se utilizar do truque de esconder pistas, somente reveladas em flashback, isso não deixa o final menos precioso. Disponível no Prime vídeo, é imperdível.

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