Semana passada eu estava caminhando com a Docinho pelas planuras do Centro de Atividades do Lago Norte, bairro em que resido atualmente, e comecei a pensar em filmar Uma História do Zoológico. A peça é um marco para mim, porque foi uma experiência teatral completa: produção, atuação, inclusão em pauta de teatro oficial no Rio de Janeiro e contracenar com meu irmão e maior comparsa de cena, Tomás Ribas. Viagem de quem anda demais sem muita coisa para ver no horizonte inóspito do Distrito Federal.
Cena do filme Durval Discos
Matutando sobre a possibilidade de transcrever o teatro do absurdo para o cinema, pensei na principal questão que é a impossibilidade de deixar o ambiente. O que nos leva a permanecer numa situação absurda das nossas próprias vidas é questão relevante para esse movimento.
Nesse humor, recebi uma indicação da Susanna Kruger para ver Durval Discos, um filme dirigido por Anna Muylaret de 2002 – estreia dela como diretora. No elenco, Ary França, Etty Fraser, Marisa Orth, Isabela Guasco e algumas participações pra lá de especiais, como a do André Abujamra e da vovó do rock, Rita Lee (pessoalmente não gosto muito dela, mas é uma pessoa com uma história).
O pontapé inicial é a resistência de Durval em modernizar a loja de discos que mantém na frente da casa que divide com a mãe numa rua do bairro de Pinheiros, em São Paulo. Vários clientes insistem com ele que deve colocar, além dos LPs, CDs, porque o vinil estava com os dias contados. Durval (Ary França) é resistente e mantém uma firme posição de que sempre haverá mercado para os LPs.
Um final inusitado
A relação dele com a mãe, Carmita (Etty Fraser) é, no mínimo, peculiar. Ela cuida dele, mas está cada dia um pouco mais senil. Por isso, Durval insiste em contratar uma empregada para os afazeres domésticos e aí entra em cena “Célia” (Maria de Fátima da Silva, interpretada por Letícia Sabatella), alguém que, naquele tempo, se submete a trabalhar de doméstica pelos míseros R$ 100,00 que Carmita se dipõe a remunerar a doméstica.
Dois ou três dias Célia trabalha, se mostrando uma moça alegre, insufla um pouco de vida naquela casa melancólica. Um belo dia, a moça desaparece e deixa uma criança, Kiki Botelho (Isabela Guasco) para trás. A vida da família se ilumina, mas o ponto de virada é que a menina foi seqüestrada pela babá, e esta é morta na operação policial. A partir daí, o filme se torna absurdo.
Carmita se apega de profundamente à criança e não permite que Durval vá à polícia para devolvê-la à mãe. A partir daí, o filme toma um rumo tão interessante e o final é uma surpresa agradável.
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Eis o trailer: