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Particípio passado do verbo partir, significa dividir, tornar o inteiro em partes. O substantivo, na política, significa uma agremiação de pessoas em torno de um ideal com o objetivo de representar um grupo maior na solução dos conflitos políticos cotidianos. Grosso modo. Essa definição não é de nenhum autor que eu conheça, e fui eu mesmo quem falei agora e, por conseguinte, passível de revisões filosóficas e críticas. Mas grosso modo é isso: um partido político é uma grupo de pessoas em torno de uma ideia.

Há muitos anos tenho ouvido uma frase muito comum em tempos de eleição: não voto em partido, voto em pessoas. Esse raciocínio, na minha opinião, traz um equívoco básico, porque a forma de organização escolhida pelo Brasil é a partidária. Um candidato, para se concorrer, deve estar filiado a um partido político legitimamente registrado junto à justiça eleitoral, com programa, estatuto, forma de constituição e dissolução. O jogo é esse, as bases e regras foram reinauguradas na Constituição de 1988, mas o pluripartidarismo retornou à cena política nacional em 1979, depois de 13 anos de bipartidarismo. A ditadura miliar estava nos estertores e as diversas correntes oposicionistas, agora agrupadas mais de acordo com a ideologia, formaram os novos partidos políticos.

Desde então, 30 anos se passaram. O que começou como uma tentativa de melhorar a representação social nos diversos parlamentos municipais e estaduais e, principalmente, na esfera federal, tornou-se uma barafunda de siglas com nenhuma unidade ideológica. Poucos partidos colocam em suas páginas na internet a corrente à qual é filiado e a maioria apenas traz frases vagas como defender saúde, educação e segurança pública. Oras, este é o tripé essencial dos governos. O Estado contemporâneo tem nesses três vetores o mínimo de atuação. A diferença entre um e outro tipo de organização é de onde sai o dinheiro para financiar ações nesse sentido.

Onde foi que erramos? No início, parecia boa a ideia de que cada cidadão pudesse ter seu conceito de melhor viver representado nos parlamentos. Mas ao longo do tempo, vimos agremiações minúsculas que só serviam para alugar tempo de televisão e receber emendas parlamentares para aprovar este ou aquele projeto de interesse do governo, proliferarem e deturparem esse modelo. E a solução? Limitar o número de partidos? Voltar ao bipartidarismo? A discussão foge muito à minha compreensão.

Mas todo esse prolegômeno é só pra falar no fogo que ocorre agora no parquinho de um partido que, até 2017 era nanico e se agigantou com a eleição dessa criatura infame que ocupa a cadeira do Planalto. Elegeu 52 deputados federais. Essa bancada imensa ficou em segundo lugar na divisão de cadeiras do parlamento, perdeu para o PT, lógico, que tem uma história profundamente ideológica. Veio na onda do neoconservadorismo, da virulência, da mentira e da loucura histérica antipetista. Mas o que é esse partido?

Numa consulta à página dele na internet, vemos que as propostas são, principalmente, voltadas à segurança pública. Dos 15 itens apresentados, só um se refere à saúde e educação. Os demais são uma apologia à violência, à autodefesa, à destituição do Estado como garantidor das funções sociais básicas, uma ojeriza ao comunismo e ao socialismo e, finalmente, a vedação à associação com diversos partidos que, na concepção dos camaradas idealizadores desse programa, têm orientação de esquerda “bolivariana”. Também é digno de nota a concepção de Estado Mínimo pregada pela legenda, com a desculpa de que seria o meio para torná-lo mais ágil e menos corrupto.

Isso só merece um novo artigo. Talvez fale sobre isso em outro post. Mas hoje, o que interessa é a dissolução completa dessa aglomeração. O ocupante da cadeira do Planalto deixou escapar recentemente que o presidente do partido que o elegeu está queimado. Isso 5 dias antes de uma operação da polícia federal cujo conhecimento prévio o mandatário nega (hahaha!). Essa aglomeração de pessoas mal intencionadas já não estava lá muito segura na base, pois foram agrupados apenas no interesse eleitoral, com esse golpe do sujeito execrável, a tendência ao esfacelamento é imensa.

Isso é a comprovação de que votar no indivíduo e não no partido, em eleições proporcionais, é um má ideia. Contraria o princípio da organização sobre a qual nos formamos enquanto sociedade. Há um movimento individualista crescente, cuja representante mais emblemática é essa moça Tábata, eleita pelo PDT, mas com financiamento de campanha proporcionada pelo capital internacional e que agora já quer se rebelar e ser uma estrela solitária. No entanto, é preciso cuidado com esse raciocínio. A política nada mais é que a forma como organizamos a convivência das pessoas. Atualmente tentamos organizar com base na argumentação fundamentada e na consideração das diversas formas de vida aglomeradas na sociedade. Isso é a base da democracia. Se isso for quebrado, voltaremos ao Estado da Força e podemos regressar ao absolutismo e às ditaduras totalitárias.

A pulverização do PSL anunciada desde as eleições se concretiza agora. E fica a questão: tendo como maior opositor o Partido dos Trabalhadores que, muito embora ao chegar ao Poder Central em 2002 tenha sofrido uma série de pequenas dissidências, segue como a maior estrutura partidária e a mais solidamente fundada. E aqui não há uma defesa do PT, mas uma constatação fática. Por fim, sem querer ser profeta, vejo que o mandatário deverá migrar para outra agremiação mais voltada ao dinheiro, deixando à deriva o PSL, que jamais foi partido, a não ser no nome.

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