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CINEMA

Brincando nos Campos do Senhor – A Amazônia e a batalha pelas almas indígenas

Ontem assisti novamente, pelo Now da Claro TV, ao incrível, e ainda atual, Brincando nos Campos do Senhor, do saudoso Hector Babenco, tratando da questão amazônica.

Cena do Filme Brincando nos Campos do Senhor

O filme discute a invasão cultural de seitas cristãs fundamentalistas em tribos de populações originárias no interior da Amazônia. Numa fictícia Mãe de Deus, povoado encrustado no centro da floresta, tensionado com a tribo dos Niaruna pela posse de terras. Em pesquisa no Google, não encontrei referência, portanto penso que também seja fictícia.

Dirigido pelo grande Hector Babenco, cuja filmografia já incluía filmes contestadores, como Pixote, a Lei do Mais Fraco e Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia e estrelado por John Lithgow, Kathy Bates (minha mais querida), Tom Berenger, Nelson Xavier, José Dumont, Stênio Garcia, Aidan Quinn e Daryl Hannah, a película trata da tentativa de catequização de um povo.

John Lithgow faz o papel de Leslie Huben, esposo de Andy Huben, interpretada por Daryl Hannah. Ele é o chefe de uma missão, cujo objetivo é arrebanhar as almas dos indígenas para maior glória do senhor. Para isso ele ocupa uma antiga missão católica que fora atacada pelos originários, mas depois abandonada. Lá, ele deixa Martin e Hazel Quarrier (Aidan Quinn e a magnífica Kathy Bates). Martin é um pastor pouco ortodoxo. Ama a cultura e a civilização diferente da dele e busca compreendê-los, antes de convertê-los.

Tom Berenger interpreta Lewis Moon

Além deles, outro importante personagem é Lewis Moon, muito bem interpretado por Tom Berenger, cujo maior sucesso no Brasil tinha sido com Platoon, cinco anos antes. Lewis é um piloto de bimotor. Parou para abastecer em Mãe de Deus, mas foi enredado por Guzmán, papel de José Dumont, um guarda de fronteira. Guzmán prende a aeronave e pede para Lewis e seu co-piloto Wolf (Tom Waits), para atacarem a tribo indígena. Lewis tem ascendência indígena e se identifica com a luta dos Niaruna. Destrói o avião e vai viver na tribo.

Certamente estes são os pontos de partida para os três dramas que se desenrolam ao longo da trama, de 3 horas. No entanto, é um filme de resistência que vale cada minuto, tanto pela magistral cinematografia, assinada por Lauro Escorel, quanto pelo roteiro, de Babenco e Jean-Claude Carrière.

Tribo dos Niaruna

São várias as discussões levantadas pela obra, e as mais importantes, na minha opinião, são o conflito pela terra indígena, que só se agravou, como veremos abaixo. Além disso, temos a busca pela conversão ao protestantismo. Além disso, neste campo, vemos a brutalidade do método: plástico e alumínio sendo distribuído como presentinhos para conquistar os indígenas (e, conseqüentemente, poluir os rios e as matas); a imposição de um monoteísmo branco e ocidental.

Mas, no que diz respeito a isso, a fala do padre Xantes, brilhantemente feito pelo saudoso Nelson Xavier, é precisa. Ele diz: “é difícil fazê-los acreditar num deus de uma terra árida, onde não chove”. Xantes diz isso em resposta ao pastor Leslie, que está tentando impor o cristianismo a um povo cuja adoração é pela natureza. Portanto são seres humanos perfeitamente integrados ao meio onde vivem. Mas os protestantes, mesmo sem sucesso naquela empreitada, continuaram avançando ideologicamente sobre o Brasil. Ou seja, nesses trinta e um anos que nos separam do lançamento do filme, aprofundaram a alienação religiosa em nossas terras. O alerta do filme não foi suficiente para impedir o avanço do neopentecostalismo extremo nas cidades.

E não preciso nem dizer o quanto esse avanço tem sido prejudicial às consciências e ao avanço do País enquanto nação soberana.

A discussão sobre a posse das terras se acentuou. Houve muita discussão positiva nos tempos dos governos PSDB e PT, mas tudo foi brutalmente interrompido nestes últimos 4 anos. Por conta disso, li hoje a seguinte matéria, que trata também do tema. Saiba mais clicando aqui:

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