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DIVERSOS

Não vou entrar nos detalhes da história, porque não sei e nem me interessam para o tema que escrevo, mas o caso da mulher flagrada pelo marido fazendo sexo com um cidadão em situação de rua é assuntos em várias rodas.

Dentre essas rodas, as pessoas que freqüentam a pracinha de diversão dos cachorros no bairro onde moro. Ontem, como de costume, fui no fim da tarde para lá. É uma farra para os cãezinhos. Eles podem ficar soltos e correm alegres uns atrás dos outros, enquanto nós humanos batemos um papo.

Eu tenho a impressão que todo mundo que vai lá é bostonarista, por isso não interajo muito, pra não dar problema. Ontem, o assunto era do rapaz que bateu no morador de rua. Todo mundo viu o vídeo e todo mundo fez muita piada sobre o assunto.

Talvez a atual situação política e sanitária esteja mexendo muito comigo, ou talvez seja o estado de guerra, mesmo que não haja, por enquanto, um risco de escalada para um conflito nuclear, minhas imaginação e ansiedade me impedem de deixar de pensar num ataque atômico devastador de toda a vida do planeta, mas o fato é que eu estou muito mais sensível e com mais dificuldade de achar graça em situações extremas.

Nossa realidade parece um episódio de Law & Order

E esta é, sem dúvida, uma situação extrema. O fato em si, na forma narrada pelos noticiários, parece um roteiro do seriado estadunidense Law & Order SVU. O marido enfurecido espanca o morador de rua, acreditando defender a esposa de uma violência sexual (neste ponto, é possível ter empatia pelo rapaz, que defende a companheira de um ato inefável).

No desenrolar da história, contudo, ficamos sabendo que não houve violência propriamente dita. A moça, alegando participar de ações de caridade, supostamente teria conhecido o morador de rua. Apaixonaram-se? Tiveram tesão um no outro? Impossível de dizer, mas o fato “relação sexual” ocorreu.

Nos comentários, as brincadeiras são menosprezando moradores de rua, dizendo que é impossível olhar para alguém em situação de rua e sentir algo que não seja piedade ou nojo. Na verdade, pelo tom de voz do grupo, todos demonstraram nutrir aversão por quem vive em condições mais precárias. Não sei se porque habitantes do Lago Norte, em Brasília, onde não se veem pessoas nessa situação, ou se porque são de fato esnobes e terrivelmente preconceituosos, mas o fato é que se nota esse esgar de repulsa.

Vivessem numa cidade como o Rio de Janeiro, teriam de encarar essas pessoas diariamente, e, nos últimos anos, se multiplicando exponencialmente. A impressão que tive dos comentários que ouvi foi a de que aquelas pessoas brancas, moradoras de um sub bairro metido a sebo, não têm a menor noção do que a humanidade em geral está passando, nessa crise econômica, nesse retorno ao empobrecimento generalizado.Sexo

Por outro lado, a repressão sexual de pessoas evangélicas as faz inventar umas desculpas tão estapafúrdias. A mulher disse que viu deus e o marido no rosto do mendigo e por isso manteve relações sexuais com ele? Que tipo de pessoa é essa, cujo tesão é tão reprimido que precisa desse tipo de desculpa exotérico-transcendental para se apaziguar internamente?

O marido, nem se diga. Tem um tipão de heterotop, todo musculoso e marrento.

Enfim, é tudo muito triste, e é só um sintoma do quão doente estamos nesses tempos.

ARTIGO

3 respostas

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