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CINEMA

Deus da Carnificina – o rompimento do verniz civilizatório


Deus da Carnificina é um filme de Polanski, baseado na peça teatral de Yasmina Reza, e discute a relação de desconhecidos, a partir de um desentendimento infantil.

Início de Deus da Carnificina

A cena se passa toda no apartamento de Penelope e Michael, cidadãos estadunidenses de classe média, cujo filho foi agredido pelo filho de Alan e Nancy Cowan, por causa de uma briga infantil. Zachary, munido de um pedaço de pau, acerta Ethan, quebrando-lhe dois incisivos dianteiros (os famosos pivôs). De início, vemos apenas uma tela de computador em que Penelope escreve um texto de desculpas. Esse texto precisa das assinaturas dos pais de Zachary, Alan e Nancy.

O que era para ser apenas um pedido de desculpas vai se desenrolando em minúsculos conflitos entre os casais. Isso nos leva aos questionamentos das convenções sociais e do quanto estamos presos a máscaras sociais.

O frágil verniz social sendo quebrado

Ao longo de Deus da Carnificina, pequenos desentendimentos vão se apresentando. Alan é advogado de uma empresa farmacêutica e seu celular não para de tocar, porque uma das medicações tem efeitos colaterais terríveis. O trabalho dele, por conseguinte, é tentar evitar que esses problemas cheguem à imprensa e causem um estrago gigantesco nas contas da empresa.

Deus da Carnificina

Penelope adora arte e é autora de um livro sobre arqueologia. Seu drama é um catálogo de um pintor famoso, destruído por um mal estar de Nancy.

Esta, por sua vez, é corretora na bolsa de valores e tem pouca interação com os assuntos discutidos, à exceção de quando se trata dos termos exatos da desculpa que seu filho deve assinar.

Por fim, Michael é proprietário de uma loja de produtos domésticos, que vão de peças de decoração a reparos de descarga. A mãe dele está tomando a medicação de que trata Alan.

À medida em que a cena vai avançando, as irritações e intrigas se apresentam, tanto de um casal quanto entre os dois casais.

Tragicomédia é o tom de Deus da Carnificina.

Com diálogos densos e profundamente inquietantes, Yasmina vai nos levando a questionamentos importantes. Principalmente sobre a pequena violência que a sociedade de consumo nos submete cotidianamente. Além disso, fala do quanto somos esmagados pela carnificina diária do Kapital, pois temos sempre de nos submeter a rituais para sobreviver nesse mundo da exploração de nossa mais valia.

No Brasil, a peça foi brilhantemente encenada em 2012, tendo os casais sido protagonizados por Orã Figueiredo e Julia Lemmertz, contra Paulo Betti e Deborah Evelyn. Mas os quatro são tão bons no que fazem, que a plateia soltava freqüentemente aquele riso nervoso. Pois algumas cenas ficaram verdadeiramente hilariantes.

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