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CINEMA

Oppenheimer – o Prometeu contemporâneo

Oppenheimer conta a história do cientista que lidera a construção da bomba atômica, em 1945. Assim como o mito Prometeu, ela dá ao homem a capacidade de aniquilação.

Oppenheimer – o Prometeu contemporâneo

Está em cartaz um filme incrível, a história de J Robert Oppenheimer, físico brilhante e atormentado. Pois ele é contratado pelo exército estadunidense para criar uma bomba com o objetivo de encerrar o conflito mundial do Século passado.

A física quântica é uma novidade nessa época e os avanços científicos advindos da teoria da relatividade geral, de Albert Einstein, caminhavam a pleno vapor.
A película é um thriller de suspense científico, com atuações brilhantes, roteiro inquietante e montagem quase surrealista. Cillian Murphy está irretocável no papel título, depois de ter brilhado numa série violentíssima, chamada Peaky Blinders. Pois agora podemos vê-lo como o brilhante cientista Oppenheimer.

Na trama, que vai e volta no tempo (bem ao estilo teoria da relatividade), Oppenheimer está sofrendo um procedimento para ser afastado da cadeira que lhe foi designada na AEC – uma agência de energia atômica estadunidense, criada depois de 1945.

Onde entra o Mito de Prometeu

O Mito de Prometeu é interessante. Pois ele é um dos últimos Titãs, condenado por ter ido contra a vontade de Zeus, que pretendia exterminar a humanidade, de quem o Deus não gostava. Deu-nos o conhecimento do fogo e, por isso, os primeiros homens, segundo narra o mito grego, se sentiram mais poderosos que os deuses do Olimpo.
Como vingança, Zeus condena Prometeu a ser acorrentado e ter seu fígado devorado por uma ave de rapina, ao longo dos séculos. O Titã se submete à pena. Aprendemos isso por conta de uma tragédia clássica, de Ésquilo.

Oppenheimer, ao conseguir produzir uma bomba de capacidade letal, infinitamente superior a tudo que existia até 1945, também abre a capacidade de aniquilação da humanidade.

As traições sofridas por Oppenheimer

A partir dos depoimentos das testemunhas, somos apresentados às tormentas cerebrais de um físico teórico, às voltas com uma novidade incrível para nós leigos, que é a mecânica quântica, ou seja, o estudo do espaço existente entre os elementos do átomo. O filme conta a história desde quando ele vai à Europa, passando pela Inglaterra, Alemanha, Suíça e Dinamarca, para conversar com os cientistas mais brilhantes daquele tempo.

Voltando para os EUA, ele funda, na universidade de Berkley, o departamento de física quântica. Na época, pessoas inteligentes ainda eram prestigiadas, atores e atrizes ainda faziam parte das rodas da elite, pois isso dava um ar de sofisticação a políticos e ricaços. Assim que Oppenheimer fica conhecido em vários meios.

Por conta dessa fama, o exército estadunidense o contrata para o Projeto Manhattan. Mas para isso, ele tem de esconder o seu passado de agitador político. O macartismo ainda não estava em vigor nos EUA e Stalin se aliava a Churchill e Roosevelt, para vencerem o eixo.

A verdadeira aniquilação

A obra de Oppenheimer acaba por obnubilar as conquistas e avanços científicos. Ele foi responsável por iniciar um período de pavor, porque as duas potências da época, EUA e URSS começaram uma corrida armamentista sem precedentes. Ainda me lembro de manchetes da década de 70 que afirmavam a capacidade de destruição do planeta por 70 vezes. Nem se davam conta da loucura, pois, exterminado o planeta a primeira vez, não haveria outro para a segunda.

O filme está nos cinemas e deve ser visto, se não pelo apelo histórico, pelo roteiro, montagem e atuações verdadeiramente brilhantes.

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Veja o treiler:

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