No mês da consciência negra, o canal HBO Max vai transmitir diversos filmes com a temática. Dentre eles, A Cor Púrpura, filme em que Whoopy Goldberg é inigualável.
O tempo transforma as nossas percepções sobre as obras de arte. A Cor Púrpura é um bom exemplo disso para mim. Quando vi pela primeira vez, não gostei. Pois achei apelativo, piegas e só destaquei o Blues Para Miss Celie, canção linda.
Revi agora, e a minha impressão é muito outra. O filme faz uma denúncia sobre a forma como as mulheres, especialmente as negras, são tratadas. Celie, papel da incrível Whoopi Goldberg é uma garota violentada pelo próprio pai no início da adolescência, que tem um casal de filhos com ele, entregues a uma família mais abastada.
A triste história de Celie, cercada pela violência de gênero e raça
Depois, um fazendeiro que havia perdido a esposa, vai ao pai de Celie atrás de Nettie, a irmã mais velha. O pai discorda e entrega Celie, ainda menina, para cuidar da casa de Albert. A violência extrema com que Albert – magistralmente bem interpretado por Danny Glover – trata a família é revoltante.
Nettie, cansada dos abusos paternos, foge de casa e vai viver com Albert e Celie, pois as duas irmãs são inseparáveis, contudo Albert ainda está mais interessado em Nettie do que em Celie. Ao ter suas investidas rejeitadas, ele expulsa a cunhada de casa.
Já na idade adulta, Albert traz Shug Avery, sua grande paixão, para viver na casa do casal. Nasce aí uma amizade feliz entre Celie e Shug. Esta é filha de um pastor que a rejeita, pois é cantora da noite.
Nesse ínterim, o filho mais velho de Albert, Harpo, conhece Sofia. Entre idas e vindas, os dois têm uma prole farta, porém Sofia é uma mulher voluntariosa e não aceita desaforo. Por esta razão, terá um desentendimento com a mulher do prefeito e ficará presa por muitos anos.
Nettie parte para a África, numa missão com a família que a abrigou quando foi expulsa por Albert. Esta família vem a ser a que cria os filhos de Celie. A crueldade de Albert é enorme. Nettie passou anos escrevendo para Celie, e ele não a deixava ler as cartas.
A violência permeia todas as relações do filme, mas também as formas de resiliência e sobrevivência são bastante demarcadas. Os brancos são exceção no filme e aparecem pouco, em situação de opressão e demarcando o profundo racismo da cultura estadunidense.
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