Anatomia de uma queda é um filme francês que trata do julgamento de uma escritora de sucesso, acusada de matar o marido.
Bem no começo da película, vemos a forma com que esse marido parece sempre atacar a esposa. Enquanto ela está concedendo uma entrevista a uma estudante de letras, ele aumenta o volume de uma música repetitiva, ao ponto de impedir a conversa. Sandra, a escritora, brilhantemente interpretada por sua xará Sandra Hüller, se despede da entrevistadora e vemos ambas, juntamente com Daniel, o filho do casal, portador de deficiência visual, diante do Chalé.
Quem faz o papel de Daniel é Milo Machado Graner, um francês de 16 anos com um trabalho brilhante. Cabe a ele a fala mais importante do julgamento da mãe, mas também é ele quem me deixa em dúvida sobre a veracidade da história.
Um drama jurídico com forte apelo psicológico
Um drama de suspense psicológico extremamente bem roteirizado. É difícil um filme francês me prender tanto a atenção. Especialmente quando os diálogos e não a ação são a parte essencial do filme. Apesar de tratar do julgamento de Sandra, acusada de assassinar o marido Samuel, ao longo da trama vamos compreendendo os meandros que a depressão, o machismo e a luta pelo novo homem têm afetado nos afetado na contemporaneidade.
Ao final do julgamento, duas falas foram essenciais para que eu concluísse pelo acerto da sentença: a briga gravada por Samuel e a fala traduzida por Daniel, quando o pai leva o cão Snoop, que havia tido uma crise que também é chave do enredo.
Outra coisa que chama a atenção a nós, acostumados com os julgamentos de filmes estadunidenses do norte, é a forma jurídica francesa. Os interrogatórios e as oitivas de testemunha se interpolam. Não seguem a regra também adotada no Brasil de primeiro ouvir-se a acusação, depois a defesa e, por fim, interrogar o acusado. Os questionamentos se sucedem, ao que parece, aleatoriamente.
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