DIVERSOS

Feriado da Páscoa em Salvador

Passar um feriado longe de tudo e de todos, às vezes, é necessário para a higiene mental e para a sanidade física e intelectual.

Este ano eu devo partir para o meu objetivo principal, desde que fui aprovado no concurso do antigo Departamento de Administração do Serviço Público – DASP, em julho de 1985: o ócio remunerado. Foram duas reformas, que atrasaram em cinco anos este sonho, mas parece que a hora está chegando. Para celebrar, aproveitei o último feriadão enquanto servidor público e fui para Salvador.

Sou apaixonado pela cidade. Estive lá 5 vezes, contando com esta última. A primeira foi um fracasso, porque choveu todos os dias. Da segunda vez, já foi com uma turma mais animada e com muito sol. Depois, voltei com meu companheiro à época, para a festa de Yemanjá de 2013. A terceira, a mesma festa em 2020, com um de meus melhores amigos. Por fim, a semana santa de 2025.

Desta vez fui sozinho, coisa que adoro fazer. Viajar sozinho tem muitas vantagens, mas a maior delas é não ter de conversar sobre o destino e o horário. Vamos aonde e quando queremos. Quarta-feira, por exemplo, fui ao Centro Cultural A.B.O.C.A, uma balada diversificada. Tinha de 18 a 80 anos, homens, mulheres, gays, lésbicas, trans. Portela, o cantor andrógino, é um artista multiperformático, afinadíssimo, com uma extensão de voz de dar inveja.

Quinta-feira de manhã fui à praia do buracão, li um bocado, terminei de reler Budapeste, do meu ídolo Chico Buarque. De tarde, saí do hotel na Praça 2 de Julho, subi a pé a av. Sete de Setembro e cheguei ao Pelourinho. Delícia de passeio, no meio do povo, um comércio frenético. Comprei um chapéu de malandro para me reaproximar de Zé Pelintra.

Acompanhamento do axé

Inclusive, houve um fenômeno interessante: depois do chapéu, comprei um cortador de unha na farmácia. Lá, a atendente, ao passar o meu cartão, perguntou: daqui, para onde VOCÊS vão? Foi uma surpresa, porque estou sozinho. Perguntei se ela era vidente, ela riu amarelo e desconversou. Mas tive a certeza de que Seu Zé estava perto de mim.

Ainda fui conhecer a Fundação Casa de Jorge Amado, onde ainda não tinha entrado. O acervo é impressionante. Já fui fã do baiano, mas hoje não consigo mais ler algumas obras, por conta da misoginia e do patriarcalismo arraigados na obra. Sobram Os Subterrâneos da Liberdade, Jubiabá e Tenda dos Milagres.

No dia seguinte, a praia foi mais perto: a pé até a Porto da Barra, deu sol até 11h. Aí choveu. Quando estiou, almocei num restaurantezinho simpático ali na av. Princesa Isabel, o Praia Point Albano. Peixe frito, arroz, feijão e farofa. Delícia. Peguei o ônibus para o hotel descansei um pouco e depois fui ao Bonfim. Rezei um pouco e pedi as bênçãos de Oxalá. Não saí à noite. Dormi cedo.

Sábado em Itaparica e domingo no Pelourinho

Sábado, peguei a barca cedo para Mar Grande, porto em Vera Cruz. Trajeto delicioso pela Baía de Todos os Santos, brisa suave, sol aquecendo as mentes e os corações. Peguei a condução e fui me encontrar com a tia e a mãe de um amigo aqui de Brasília, na praia da Conceição. Delícia de passeio, gente simples, comida boa e com bom preço e depois um samba de roda de primeira.

Domingo, voltei à praia no Porto da Barra e tinha um sol muito bom. Cheguei cedinho e fiquei até meio dia, quando a lotação e as músicas em caixas de som me expulsaram. Mas deu para ler 3 capítulos do “Método ou Loucura” de Bobby Lewis. Voltei para o hotel e dormi um pouco.

Depois fui passear no Pelourinho novamente. Comi uma bela Moqueca de peixe às 4 da tarde, ouvindo pérolas da MPB no restaurante Casa da Gamboa, ao lado do Largo Quincas Berro d’Água. Andei mais um pouco e peguei o ônibus de volta para o hotel. Não precisei jantar. No dia seguinte, peguei o avião para retornar.

Excelente passeio.

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