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Um dos seriados policiais de maior sucesso e longevidade da TV estadunidense. Começou com o simples Law and Order, que tinha o Sam Waterson no papel de Jack McCoy, o implacável e corretíssimo promotor público da cidade de Nova Iorque. O time era completado por S. Epatha Merknson na inigualável Anitta Van Bueren, Jerry Orbach como Lennie Briscoe e Jesse L. Martin como Ed Green. Depois foi crescendo com a unidade de crimes premeditados e a mais longeva de todas, unidade de vítimas especiais.

Eu sou fã desse seriado e há poucos episódios dos quais eu não gosto. Ontem revendo alguns, me deparei com um muito interessante (Alerta de revelação). O episódio começa com o que seria uma investigação de sites de exploração sexual de menores, mas que se depara com uma ameaça de explosão de uma escola. O autor do blog dispara impropérios contra professores, contra o sistema educacional, enfim parece um adolescente revoltado.

Nas reviravoltas do roteiro, os policiais descobrem as reclamações comuns dos professores contra alunos abusivos, uma espécie de epidemia comportamental dos últimos anos, repetida também no Brasil. Lógico que, na ficção, os roteiristas e o diretor apelam para situações exponenciadas para nos gerar a empatia necessária à catarse.

Com o desenrolar, descobrimos que as ameaças não partem de um aluno, mas de um dedicado professor de inglês, impedido de continuar lecionando por conta da reclamação de um aluno. A situação foi provocada pelo discente foi a seguinte: faltavam 10 minutos para o fim da aula e o rapaz de 16 anos pediu para ir ao banheiro. Diante da negativa, o aluno arriou as calças e urinou no cesto de lixo, ao que o professor tentou impedir. Por isso, o rapaz acusou o docente de assédio e ele teve a carreira destruída.

Vendo o episódio, fiquei refletindo sobre a situação da educação pública da contemporaneidade. Há muitos anos que amigos professores relatam as situações mais estapafúrdias e absurdas. Professores da periferia, de escolas de elite, enfim, de todos os lados, acuados com essa nova postura das administrações escolares.

Os alunos passaram a dominar a situação, deixando os professores reféns de agressões verbais e físicas. Estamos no extremo oposto. Até metade do séc. XX, os castigos físicos eram admitidos e incentivados nos estabelecimentos educacionais. Ajoelhar no milho, humilhar estudantes que errassem perguntas aleatórias, palmatórias, reguadas nas mãos, enfim, as mais diversas formas de tortura. Depois, o meu tempo chegou: ainda respeitávamos os professores em sala de aula, mas não éramos mais submetidos a humilhações ou torturas físicas. Quando eu saí do segundo grau, já havia uma notável piora nas relações e, em seguida, as ameaças de alunos contra professores começaram.

Nas escolas públicas localizadas em áreas conflagradas, os alunos ameaçavam os professores de morte, iam armados à aula, estragavam carros e intimidavam servidores e diretores na saída, enfim, um terror. Nas escolas particulares, os pais começaram a usar o expediente: eu pago seu salário, você tem de passar meu filho de ano. Pode ser que não houvesse ameaça ao dano físico iminente, mas o fim do vínculo empregatício estava implícito na ameaça.

Voltando ao episódio, o professor invade a escola e seqüestra alunos, ameaça explodir o prédio e fere vários alunos. Evidentemente os policiais o prendem e evitam o pior, mas eu fiquei pensando no sofrimento desse profissional, submetido a condições péssimas de trabalho, ao terror psicológico e físico, tanto lá quanto aqui. No episódio, fica parecendo que o tal professor é um vilão. Lógico que matar tanta gente, explodir prédio, atirar nas pessoas não é solução, mas temos urgentemente de discutir esse sintoma.

A doença, na minha opinião não abalizada, é a sociedade permissiva e de consumo, a educação para a competição, os exageros de liberdade para ambos os lados. Há de haver um meio termo na conduta, de modo a permitir o aprendizado e, eu acho, que uma das coisas mais importantes é a boa remuneração dos profissionais da área da educação. Isso tem de ser uma prioridade, um plano de governo, um objetivo a ser alcançado.

3 respostas

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