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http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/09/23/eua-executam-mulher-que-ahmadinejad-comparou-sakineh-921069569.asp

A matéria do Globo de hoje me fez pensar um bocado sobre a situação da mulher e a percepção que temos dessa situação. Recentemente passei uma semana na Turquia, o mais ocidental dos países orientais – todas as peripécias estão registradas aqui no Blog, com fotos e tudo, e lá pude ter uma vaga nção de como os muçulmanos são totalmente diferentes de nós. E olha que na Turquia eles são tão muçulmanos quanto os brasileiros são católicos…

Era comum ver nas ruas de Istanbul mulheres de burca, de véu, com a cabeça coberta com panos coloridos ou lenços pretos, algumas com o rosto de fora, outras só com os olhos, outras ainda vestidas à ocidental, mais descobertas, mas nada que se comparasse à nudez brasileira – em especial a carioca. Quando estavam acompanhadas de homens (pais, irmãos ou maridos), notava-se uma preocupação constante do par masculino em relação aos olhares lançados a elas. Mas isso não é de se estranhar.

Mais ao centro do País, na Capadócia, por exemplo, os muçulmanos são mais tradicionais e era ainda mais comum a burca. Para mim isso é um grande mistério. É muito cuidado, muita proteção com o corpo e a imagem das mulheres. Só os olhos, ou apenas os rostos ficavam à mostra. E elas não pareciam estar incomodadas com isso. Não sei, óbvio, até que ponto minhas sensações correspondem à realidade, porque além de ter experimentado o País por apenas uma semana, não tive nenhum contato com os locais, exceto em transações comerciais corriqueiras. Esse é o meu olhar estrangeiro e superficial, e por isso está muito longe de espelhar a realidade do islamismo.

Mas essa notíria do Globo de hoje trata de dois fatos bastante peculiares: duas mulheres condenadas à morte em países inimigos, mas por situações semelhantes. E o mundo, as celebridades, gente que é notícia em todo o planeta, e até gente que nem tanto, ergueram suas vozes para protestar contra a sentença de Sekinah, condenada à lapidação. Contra a injeção, contudo, nem uma simples linha em jornal internacional até que o atual símbolo de tudo o que não presta, o Ahmadinejad, protestou. Com razão. Por que no País dele não pode e nos todo-poderosos Estados Unidos da América pode? A questão é a limpeza da execução ou o fato de o Estado estar autorizado a cometer homicídio em determinados casos?

Na minha parca e humilde compreensão, a questão maior é o fato morte em si mesmo, independentemente de quem atira a pedra, ou aperta o botão que vai liberar o gás, ou que liga a chave elétrica, ou mesmo aquele que solta o cadafalso, a lâmina da guilhotina, aperta o gatilho. Do outro lado está um ser humano que errou contra a sociedade. Errou de forma tão grave contra o corpo social que deve ser extirpado como um tumor maligno. A solução final para aquele indivíduo. É a face mais cruel e perversa do Estado, punindo de modo radical o integrante da sociedade, cujo pecado é tão grave que a pena é a aniquilação.

E aqui nem quero me delongar sobre a natureza da punição e da aplicação da pena em seu caráter jurídico de educação e prevenção, em sentido amplo e restrito, mas apenas suscitar a questão de que a pena de morte, onde quer que seja aplicada, é abjeta. O Estado não pode ter o direito de assassinar ninguém. E os EUA, cuja propaganda contrária à política iraniana salvou a vida de Sakineh, foram responsáveis por envenenar Teresa Lewis. E o que é pior, ninguém ficaria nem sabendo…

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